domingo, 10 de maio de 2009

Poznan... em busca dos capítulos perdidos

Sexta feira era dia de trabalho, mas o meu e o da C. foi um dia diferente! Fomos a Poznan ver dos livros que precisávamos para o exame de economia. Podíamos ter ido no fim de semana? Podíamos! Mas os polacos também nos podiam ter ajudado mais e não o fizeram, por isso...
Mal sabíamos nós que íamos ter um dia cheio de aventuras. Por mais anos que vivesse aqui nunca iria entender o sistema de comboios polacos! Não fiz ainda uma única viagem (sem polacos) em que não tivesse tido problemas. Desta vez comprei os bilhetes o dia antes. Comprei sem hora marcada para podermos ir e vir quando quiséssemos. Sabia que o bilhete não dava para o inter cidades, mas planeamos a coisa para não apanharmos esse. Viagem de ida... o revisor aparece e desata aos gritos connosco. Entendemos apenas a palavra bilhete enquanto ele acenava que não. Lá aparece um modesto tradutor que num ingles muito confuso nos explica que o nosso bilhete também não dá para aquele comboio. O que fazer? Vão para a primeira classe que ele já la vai cobrar mais 10zl. Ok se é só isso, também não faz mal. Acabamos por ficar pelo bar que era no caminho. Aparece um segundo revisor e eu mostrei à Carla como se faz. Não falas nem uma palavra de polaco e faz de conta que não entendemos nada. Em inglês la lhe disse que o colega dele ia vir ali para nos cobrar. O senhor entendeu que o colega já nos tinha visto o bilhete e pronto... foi-se embora. Não entendemos bem porque, mas talvez por não ocuparmos nenhum lugar o primeiro revisor nunca nos cobrou nada, apesar de lá ter passado várias vezes. Menos mal.
Chegámos e demos logo de caras com o prédio de economia, um dos mais altos que se avistavam. Encontramos a biblioteca e entramos. Num balcão qualquer perguntamos se falam inglês. Que pergunta! Obvio que não. Mas a senhora era simpática e lá nos disse para procurarmos o código dos livros no computador. Entretando aparece uma segunda senhora a berrar connosco e a dizer que não podemos estar lá dentro com os casacos ou as malas. Muito bem... estavamos lá à 10min e já tinhamos a biblioteca inteira a olhar para nós! E é então que nos aparece o segundo interprete. Falas ingles? Ele responde que sim. Optimo, o que é que a senhora está a dizer? Resposta: Torba (=mala) não tutaj (=aqui). Ah bom, com esse inglês isto vai ser uma comedia. Depois de muita confusão, risos, olhares estranhos e sei lá mais o quê, lá copiamos os livros... Boa! Agora temos 200 páginas de economia para estudar... estudar? Essa palavra não me é estranha... mas já não me lembro bem onde e quando a usei...
Com isso tudo eram horas de almoço e depois dessa energia toda gasta precisavamos recarregar baterias. Tiramos o resto da tarde por nossa conta e passeamos por Poznan. Começou a chover a potes quando tentamos encontrar a loja de vinhos portugueses e não consegui encontra-la... ter levado o mapa não teria sido má ideia...
Corremos para apanhar o comboio porque nos atrasamos... já a achar que não iamos conseguir ouvimos no altifalante que o nosso comboio estava na linha 6... 6? Mas aqui só há 3!!!! Devemos ter ouvido mal... mas não... lá descobrimos as linhas fantasmas do outro lado e quase no ultimo segundo entrámos no comboio... Ufa! Suadas e a arfar lá dissemos uma para a outra... chega de aventuras por hoje!
Sim, sim... não queríamos mais nada...
Adivinhem lá... apareceu o revisor... mais uma vez nos diz que os bilhetes não eram para aquele comboio! O que? Desta vez tinhamos mesmo escolhido um reles para garantir que íamos bem... pois... os nossos bilhetes eram bons demais para aquele comboio... Irra, também nunca estão contentes!!! Mas se é mais barato não há problema certo? Não, não, não! E eis que entra o nosso terceiro interprete do dia! Vão ter que pagar um bilhete mais barato e ele vai escrever nos vossos bilhetes que estavam errados e na estação podem recuperar o vosso dinheiro. Mas se a diferença são 9zl (cerca de 2 euros), nós estamos bem e não nos importamos! Não, têm que pagar menos! Continuamos à conversa com o rapaz que não parar de beber garrafas de desperados e latas de cerveja. Ele diz-nos que viveu 6 meses em Londres e mentalmente nos perguntamos e não aprendeste a falar inglês? Ele deve ter adivinhado os nossos pensamentos porque diz... eu falo melhor inglês que isto, o problema é que já estou bêbedo! Ah bom, pelo menos sabe disso!
É que nos milhentos comboios em diferentes países em que já andei posso dizer que 80% das pessoas lêem durante a viagem! Naquele comboio na Polónia de sexta à tarde, 80% das pessoas bebia e fumava!!! Acho que sim... cada um faz o que quer e a mais não é obrigado. Mas o facto de o alcool ser proíbido na rua mas não nos transportes publicos soa-me a estranho. A verdade é que os revisores viram e não disseram nada!
Um dia cheio de aventuras... mas sobrevivemos!

2 comentários:

Geraldo Geraldes disse...

Fazendo de advogado do diabo, um polaco também pensar de ti: o quê, estás à mais de dois anos na Polónia e ainda não falas polaco? É que saber um pouco da língua iria diminuir de que maneira o número de aventuras :)

Sara disse...

Tens toda a razao e a culpa é minha e só minha!
Talvez se os dias tivessem mais de 24h, ou se fosse obrigada a falar polaco. Assim limitei-me a aprender o que preciso.
Confesso que às vezes até os entendo, mas dá-me piada observar as caras deles de pânico quando sabem que eu sou estrangeira.
E eu gosto de ter uma vida cheia de aventuras e situações engraçadas para contar... Manias ;)