quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Aventuras partilhadas

Eu para ser assim tinha que sair a alguem, certo? E quando estamos juntos são aventuras que nunca mais param.
Lembram-se que perdi a carteira há uns meses atras? Pois desta vez durante um passeio pela manhã a minha mochila foi esquecida num banco à beira do lago. Tudo lá dentro... tudo mesmo. Porta moedas: sem documentos pois ja os tinha perdido antes, mas com a chave de casa, cartões multibanco e o único dinheiro que tinhamos lá dentro. Passaporte: o meu único documento para sair do país. Telemovel: com todos os contactos para quem eu poderia pedir ajuda.
Demos pela falta da mochila 30min depois e sem pensar duas vezes corremos para o banco para o encontrar vazio. Perguntei a toda a gente ali em volta. Perguntei nos quiosques e nada. Valeu-me uma simpatica polaca que me ajudou mais tarde. Voltamos a perguntar nos quiosques em volta (desta vez num polaco decente). Ela pagou bilhetes para todos regressarem de electrico e fomos a policia. A policia errada. Deixei a famelga num bar de um amigo e com mais um bilhete pago pela amiga lá fomos para o outro posto de polícia. Por outro lado o meu pai e dois amigos voltaram para o lago, onde ligaram varias vezes para o meu telemovel numa tentativa de o ouvirem.
Na esquadra disseram para ligar para a embaixada portuguesa e cancelar o passaporte. A conversa foi... hmm... engraçada e senti-me logo em Portugal mal atendi.
Eu- Perdi o meu passaporte. E possivel fazer um novo aí?
Embaixada- Aqui fala da embaixada e esse assunto é tratado no consulado que é aqui ao lado.
Eu- E?
Emb- Tem que ligar para lá. Eu dou-lhe o numero, mas a esta hora já não devem estar a trabalhar, por isso só segunda feira.
Ligo para o consulado e lá me respondem.
Cons.- É possivel fazer um passaporte novo, desde que tenha um outro documento válido e que venha a Varsóvia assinar os papeis.
Eu- Pois, mas é que eu ja tinha perdido os outros documentos todos há umas semanas atrás.
Cons. (a tentar não se rir de mim e provavelmente a pensar mas que pessoa responsável)- Então assim so podemos emitir um passaporte provisório de uma ida para Lisboa!
E eu pensei... Naaaaaoooo! E la se vao os meus dias de ferias em Londres! E o dinheiro que gastei em voos. E os planos todos. E tudo.
Mas o panico foi momentaneo porque do outro lado da cidade alguem atendia o meu telemovel. Recebo um telefonema do meu pai a dizer que alguem atendera o telemovel e iam a caminho de casa deles. Um casal de idosos viu a minha mochila e sem saber o que fazer levou-a para casa. Esperaram pela filha que decidiu atender o telemovel e dar a morada dela. Quando o meu pai e os outros dois apareceram lá na porta eles recusaram-se a entregar-lhe a mochila que pertencia a uma rapariga. Depois de muita conversa lá os convenceram que nao pertenciam a mafia (a unica palavra que o meu pai entendeu na conversa toda). Depois de lhe fazerem um teste de memória onde ele teve que escrever o que sabia sobre mim, la lhe entregaram tudo.
Entretando ja estava eu sozinha. Sentada na escadas de uma esquadra qualquer sem saber muito bem onde estava. Numa mão o telemovel da minha mãe, na outra dois bilhetes de eléctrico. Os meus unicos pertences dessa altura. Esperava a confirmacao de que a mochila era a minha e que não precisava de cancelar nada. A confirmacao chegou. Eram 5 da tarde e pela primeira vez senti fome. Saí dali e fui ter com eles ao bar. Rimos. Cada um contou a sua história. Comemos e respiramos fundo. Afinal eu ia ter as minhas férias em Londres sem passar por Varsovia. Podiamos continuar as nossas ferias normalmente. Com aventuras mas menos stressantes...

E tudo acabou bem...

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